Projeto Vasco do Futuro dá aula de inclusão social em Vila Isabel
25/08/2011 11:55O futebol solidário que os irmãos Carlos e Wagner da Silva ensinam, em Vila Isabel, revela o salto que meninos pobres têm para dar. Orgulhosos, eles contam que o projeto, hoje patrocinado pelo Vasco da Gama, atende mais de cem crianças, que acreditam que podem chutar para longe os desafios que a pobreza impõe diariamente.
— Driblamos problemas como violência, fome, tráfico de drogas e falta de oportunidade.
Mas o principal é mostrar a eles que ser feliz é um direito que independe da cor e da classe social — diz Carlos, que, aos 33 anos, dedica- se ao projeto Vasco do Futuro, celeiro para novos craques do clube.
Os treinos são realizados desde janeiro deste ano na quadra de grama sintética do Recanto do Trovador, antigo Jardim Zoológico, em Vila Isabel. Wagner, de 27 anos, explica que seu interesse por ensinar esporte veio logo depois de um triste incidente, que o fez abandonar sua carreira no futebol profissional: — Tinha acabado de almoçar numa pensão no Morro dos Macacos, comunidade onde nasci e vivo até hoje.
Num tiroteio entre PMs e bandidos, levei dois tiros, um na perna e outro no braço.
O dono da pensão morreu do meu lado.
Atingido pela violência, ele não aceitou ser mais um na estatística. Decidiu transformar seu drama em algo construtivo e, com o irmão, partiu em busca de parceria, com o projeto já em andamento: — Depois disso, não podia continuar de braços cruzados.
Fui acometido por uma força que me levou a fazer pelos outros.
A escolinha colhe bons frutos. Oito alunos vão disputar a Liga Carioca de Futebol, este mês.
■ ATRÁS dos alunos, os irmãos Carlos (à esquerda) e Wagner da Silva no campo, em Vila Isabel ..........
“O principal é mostrar a eles que ser feliz é um direito” ROBSON ESTEVES Professor da escolinha ..........
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“Fui acometido por uma força que me levou a olhar além do meu umbigo ” WAGNER DA SILVA Ex-atleta ...... — Nós queremos chegar a 200 crianças, e isso será possível depois da revitalização da praça. As obras começaram, uma quadra extra já foi prometida para nós. Vai ser incrível poder aumentar esse número. Interessados não faltam. Estamos matriculando crianças a partir de 4 anos — conta Wagner.
Em campo, os meninos, de chuteiras coloridas e camisa oficial do Vasco, dão gritos de guerra para espantar o desânimo e o calor.
Aproveitam para se divertir, mas falam sério quando o assunto é bola no pé.
— A seleção brasileira está uma vergonha. Temos que dar um jeito nisso, Não vejo a hora de chegar lá — afirma Robson Esteves, de 18 anos, paraense.
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