No coração da Aldeia Campista - Vila isabel - Bar Varandão

Muito tempo atrás, quando Dondon recém tinha parado de jogar no Andaraí, Nelson Rodrigues começava a desnudar a alma da sociedade tijucana e os três apitos da fábrica de tecidos Confiança ainda ecoavam nas manhãs da Zona Norte, havia no Rio um pequeno bairro chamado Aldeia Campista. Ficava na confluência da Vila Isabel com o Andaraí e o Grajaú. Era um bairro boêmio e proletário, de casas simples e botequins, cercado pelos morros e pelo futebol. Para alguns, o coração do lugar ficava na equina das ruas Teodoro da Silva com Mendes Tavares, pertinho de onde ficava o estádio do Andaraí, hoje Shopping Iguatemi. Pois havia ali um bar de esquina, desses avarandados, típicos da Grande Tijuca, onde reuniam-se sambistas, torcedores fanáticos e jogadores de sueca e outros baralhos.

Isso foi há mais de 50 anos, claro. Hoje a Aldeia Campista não existe mais - foi anexada à Vila Isabel. Mas o bar até que não mudou muito não. Continua na mesma varanda de esquina, ainda frequentado por fãs do futebol, bambas do samba e mestres do carteado. Seu João, o principal garçom da casa, segue servindo os fregueses há mais de 25 anos. É verdade que mudou o nome: o hermético MT73 agora chama-se, simplesmente, Bar Varandão. Na fachada, o escudo dos quatro grandes clubes cariocas, para não dar briga nos dias de jogo. E na semana de Momo, o Varandão vira bloco de Carnaval, organizado pelos próprios clientes.

O farto angu à baiana que o leitor vê na foto aí em cima segue sendo, há décadas, uma das principais atrações do cardápio. É servido aos sábados, por R$ 8. No domingo tem rabada, e o caldo de mocotó de todos os dias é um espetáculo. Nas noites de fim de semana, a boemia popular dá lugar à garotada da Aldeia - digo, da Vila -, que faz da esquina um de seus pontos de encontro. E alimenta o Varandão para mais 50 anos de vida.

Bar Varandão: Rua Mendes Tavares 73, Vila Isabel. Tel: 2557-2868. Terça a domingo, das 8h à meia-noite. CC: M e V

Fonte: O Globo - Por: Juarez Becoza