Mais de 17 mil beneficiários aguardam a liberação do vale social
29/07/2009 17:28
Pelo terceiro dia consecutivo a equipe de reportagem do RJTV acompanhou o drama dos deficientes físicos e portadores de doenças crônicas para conseguir o vale social. O cartão dá acesso gratuito aos meios de transporte coletivos intermunicipais, como ônibus, metrô, trem e é um direito garantido por lei.
O problema é que mais de 17 mil pessoas estão aguardando esse vale. A maioria é doente, faz tratamento e precisa do vale para se locomover. O repórter Leandro Stoliar conversou com pessoas que tiveram que interromper o tratamento médico porque não tinham dinheiro para pagar a passagem.
Hoje é dia de tratamento. Dia em que Sergio sai da Baixada Fluminense para fazer a sessão de hemodiálise no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel. A filha acompanha a rotina três vezes por semana. Como não têm o vale social, eles gastam R$ 15 por dia para ir até o hospital.
“Eu tento desde dezembro de 2008 e mensalmente eu estou ligando para Fundação Leão XIII, de Queimados, eles mandam retornar no mês seguinte a ligação para ver se chegou. De lá para cá é sempre assim. Ela entra por causa da deficiência e eu tenho que pagar mesmo mostrando o protocolo como acompanhante”, conta a filha de Sergio Guilherme, Jeane Carvalho.
Milhares de pacientes estão na mesma situação que o Sergio. O Alessandro é cego, diabético e teve que fazer um transplante de rim. O acompanhamento é semanal. Ele deu entrada no vale social há seis meses. O último protocolo é de março, mas até hoje o cartão não ficou pronto.
“Toda vez que eu vou lá sempre estão dizendo: ‘Não foi liberado ainda, não foi para o sistema’. Eu fiz perícia e ainda não tem nada liberado”, diz o aposentado Alessandro Ferreira.
Em alguns casos, o tratamento é o único meio de manter o paciente vivo, mas muita gente não tem dinheiro para pagar a passagem e chegar até o hospital. E a demora para conseguir o vale social acaba atrapalhando o tratamento. Nem a ajuda dos profissionais de saúde resolve o problema.
Rodriane faz o acompanhamento do processo de cada paciente que aguarda a liberação do vale social.
“No caso do Sr. Sergio, esse benefício ele foi deferido e a carteira ainda não chegou. Isso traz consequências diretas para o tratamento de saúde dele. Na verdade ele precisa especialmente de acompanhante, a presença da família é fundamental no acompanhamento da saúde e por vezes fica inviabilizado a presença pelo não acesso a esse direto”, diz a assistente social Rodriane.
O caso mais grave é o do Roberto. Ele teve que faltar a hemodiálise porque não pode pagar a passagem do ônibus intermunicipal.
“Eu já faltei três vezes porque eu não tenho o dinheiro da passagem. O meu medo é de repente eu estar em casa e eu posso até morrer”, fala o aposentado Roberto das Graças.
A Secretaria de Transportes informou que o cartão do Seu Roberto das Graças ainda está sendo confeccionado e deve ficar pronto em no máximo dez dias.
Sobre o vale do Sérgio Gulherme a Secretaria Estadual de Transportes informou que ele pode usar o cartão que ele pegou em novembro porque é válido por dois anos. Já a acompanhante dele, que aguarda há meses pelo vale, vai poder pegá-lo em dez dias, segundo informou a secretaria.
Na próxima segunda-feira, a secretaria faz uma nova reunião com várias associações de portadores de deficiência para discutir formas de agilizar a concessão do vale social para os beneficiários.
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