
Juri elege o samba da Vila Isabel, como o segundo melhor.
29/11/2009 07:19A menos de três meses do Carnaval, a Imperatriz Leopoldinense larga na frente. O samba da verde e branca foi eleito o melhor do Grupo Especial por seis especialistas reunidos por O DIA. O lançamento oficial do disco, vendido a R$ 21,90 em média, será na quarta-feira, na Cidade do Samba.
Composta por Jeferson Lima, Flavinho, Gil Branco, Me Leva e Guga, a composição que vai embalar o enredo 'Brasil de todos os Deuses' somou 59,8 pontos e foi elogiada por todos os jurados. Para Leci Brandão, a Imperatriz tem um samba-enredo 'maravilhoso'. 'A melodia é fantástica e a letra também. É uma obra completa e tem tudo para ser o grande samba de 2010', disse Leci, que deu 10 para o samba.
O cantor e compositor Jorginho do Império também deu a nota máxima: 'O samba conseguiu sintetizar com grande qualidade letra e música, explorando um tema que mostra a diversidade religiosa no Brasil. A escola tem tudo para realizar um excelente desfile'. O cantor Marquinho Sathan fez coro: 'Os deuses abençoaram as cabeças desses poetas que compuseram esta obra-prima'.
O compositor Guga, 68 anos, um dos autores do samba campeão, se emocionou. “Vamos transformar a Sapucaí num mar de fiéis”, disse, citando verso do samba. A Vila Isabel, que vai exaltar o centenário de Noel Rosa, com um hino assinado por Martinho da Vila ficou em segundo lugar na preferência por apenas um décimo. 'Dou 10 com louvor porque é um samba completo. Acho até que pode ser o grande destaque da Sapucaí. O Martinho conseguiu fazer um samba tradicional e moderno ao mesmo tempo', exaltou Leci.
Para o jornalista e sociólogo Bruno Filippo, a obra é arrebatadora. 'É, senão o melhor, um dos melhores da década. Sua presença no CD eleva o nível da safra. É um samba que não será esquecido na Quarta-Feira de Cinzas', acrescentou Filippo, que também é colunista do site O Dia na Folia.

Autores do samba campeão da Imperatriz, da esq. para a dir, Jeferson Lima, Flavinho, Gil Branco, Guga e Me Leva se emocionaram com o resultado | Foto: Ricardo Almeida / Tradição do Samba
Ao comentar a colocação da Vila Isabel, Martinho reconheceu a superioridade da Imperatriz. 'Eu já tinha ouvido por aí que o samba da Imperatriz era muito bom e pelo jeito é verdade, né?', brincou. 'Fico feliz de estar nas cabeças. Sou do tempo em que a emoção reinava no Carnaval e acho que consegui fazer um samba tradicional e moderno ao mesmo tempo. Noel estará com a gente na Avenida', festejou Martinho.
De volta ao Grupo Especial após 9 anos, a União da Ilha levou o 3° lugar com a homenagem a Dom Quixote. “O destaque é a bela melodia, artigo raro no carnaval”, avaliou o pesquisador Luis Carlos Magalhães. “A melodia é envolvente e a letra é fácil; vai incendiar”, disse o intérprete Paulinho Mocidade, que em 2010 vai defender a escola Embaixadores do Ritmo, de Porto Alegre.
Com apenas 18 anos, Arlindo Neto, filho de Arlindo Cruz, comemorou o terceiro lugar do samba da União da Ilha, do qual é um dos autores com mais 11 pessoas. 'Nunca poderia esperar uma colocação tão boa. Foi minha primeira vitória no Grupo Especial. Fico honrado em ter ficado só atrás de Guga e Martinho', revelou o jovem sambista, que já começa a trilhar os passos do pai famoso.
Paulinho Mocidade também deu 10 para a composição do enredo sobre os 50 anos de Brasília, o hino da Beija-Flor, que ficou em 4º. 'A Beija-Flor consegue com a sua grande estrutura esquecer até o lado comercial do samba, confiando no seu componente fiel as suas origens'. Marquinho Sathan atribuiu 9,7 e destacou alguns pontos. 'É surpreendente como eles têm a facilidade de colocar um samba complicado demais em harmonia no 'jeitão' caloroso da escola'.
Campeão do desfile de 2009, o Salgueiro veio atrás, em quinto lugar, com um enredo sobre o universo dos livros. A Unidos da Tijuca, em sexta colocação, foi seguida pela Mangueira, com sua homenagem à música brasileira. Para Leci Brandão, a verde e rosa tem um samba com a cara da comunidade. “Embora seja de uma turma jovem, a obra parece feita pelos antigos da escola. A participação da bateria na gravação ficou fantástica”, resumiu.
Porto da Pedra amargou o último lugar entre as 12
No extremo da tabela, a Porto da Pedra, que contará a história da moda, amargou título de pior samba. “A letra é cheia de clichês”, opinou Bruno Fillipo, que deu 8. Em 11º lugar, ficou a Grande Rio. A tricolor vai comemorar os 25 anos da Sapucaí e exaltar o camarote de uma cervejaria. “O samba não traduz a expectativa do enredo, e a melodia não melhora a qualidade da letra, que tem propaganda explícita no refrão”, criticou Filippo.
Com sambas medianos, Mocidade, Portela e Viradouro completam a lista. Pela 1ª vez em 15 anos, as escolas deixaram a frieza do estúdio e gravaram ao vivo os hinos na Cidade do Samba. Era uma antiga reivindicação de mestres de baterias, que puderam impor seus estilos. Paradinhas foram liberadas.
O álbum de 2010 também mostra o troca-troca de intérpretes. Wander Pires, ex-Mocidade, faz sua estréia na Mocidade, enquanto David do Pandeiro, que estava na escola de Niterói, foi para a verde-e-branco de Padre Miguel. Outro destaque é a volta de Dominguinhos do Estácio. Há dois anos fora do Grupo Especial, o veterano defenderá a Imperatriz no próximo Carnaval. Na Mangueira, o público poderá conferir o desempenho de três intérpretes: Luizito, Zé Paulo Sierra e Rhychahs. A foto da capa do CD foi feita por Henrique Matos, assim como nos últimos cinco anos.

Capa do CD do Grupo Especial destaca o Salgueiro | Foto: Henrique Matos / Divulgação Liesa
Matéria: O Dia
—————